segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ó Morte!

Ó morte.
Porque não me poupas só mais um ano?
Mas o que é isto que não consigo ver.
Com mãos frias como gelo a envolver-me?
Quando Deus desaparece e o Diabo toma a poder.
Quem terá piedade da tua alma?
Ó morte.
Nem riqueza, nem ruína, nem prata, nem ouro.
Nada me satisfaz a não ser a tua alma.
Ó morte.
Eu sou a morte, ninguém pode escapar.
Abrirei a porta para o Céu ou o Inferno.
Ó Morte.
O meu nome é morte e chegou o fim.

Relatos de uma garota suicida (PT III)

Seus olhos estavam abertos, seus cabelos pararam de "dançar", a água não tinha movimento. O corpo pálido estava ali, dentro da banheiro cheia d'água. Havia morrido por um tipo de "afogamento instantâneo", mais chamado de "suicidio por afogamento". Passados três minutos, sem nenhuma hesitação nem movimento, por coisa de segundos ela levantou a cabeça e respirou ofegantemente. Encolheu-se ali na banheira mesmo, abraçou as pernas e permaneceu por algumas horas, quieta, imóvel e apenas pensativa.
O que teria feito ela mudar de idéia? Essa foi apenas a sua primeira tentativa de chegar ao óbito.

Intro

Sabe quando fazem as apostas no clube? Sobre quem fica mais tempo sem respirar embaixo d'água? Ela estaria praticando? Ou três minutos embaixo d'água levaria á um afogamento instantâneo?

Relatos de uma garota suicida (PT II)

Água, um transporte rápido.

Olhava impaciente o gelo derreter dentro do baixo copo de tequila que pouco tempo havia servido. Degustava lentamente a dose ouvindo Mötley Crüe e pensando sobre o mundo parar. Era realmente "louco", mas para ela era absurdamente normal. Mexeu o liquido com a ponta do dedo indicador e empurrou o copo até o final do balcão, chupando o dedo logo após. Trajava um vestido de seda branca, longo com alguns detalhes em renda. Estava descalça e seus longos cabelos pretos brilhavam com a pouca luz solar que adentrava pela pequena frecha que a cortina deixou. Da sala de estar, foi apenas até o banheiro, onde uma banheira com água quente lhe esperava. Iria tomar um banho? Se você cre nisso, vá em frente, pois ela entrou na banheira sem despir-se de nenhuma peça de roupa. Logo a água estava totalmente sobre o seu rosto, seus cabelos "dançavam" na água e seus olhos azuis contemplavam a cena.

Relatos de uma garota suicida. (PT I)

Quem é você? Que lugar você ocupa no mundo?

Era isso que se perguntava todos os dias. O cheiro forte da nicotina impregnava toda a sala de estar, enquanto o cigarro chegava ao fim dentro do cinzeiro. Não era normal para uma garota de apenas dezesseis anos que aparentava ter uns vinte e três. Era responsável por si, tinha tudo o que queria, dinheiro, fama, homens, sucesso. Seria pressão? Ter tudo lhe causava uma certa crise de "solidão"? Não sabia como explicar, não sabia nem quem era. Morrer? A única solução para qual zelava todos os dias. Pode lhe parecer patético, mas assim ela se sentia melhor.